20.4.08

Simão


SIMÃO



ÉS!!!
O tempo verbal,
A Eclíptica. O Furacão. A Paixão.

O Universo em ti:
A Pessoa
Tu
...os Outros.

Queres o Rito...
Mas não te apetece o Mito!
És Tu, Pessoa e Mundo
E o Mundo em ti.
O Amor e o Ápice
És Tu, Simão e o Alguém! Em ti...

Ama, Sê...

Tempo verbal... 

MIM!!!


Fotografia por Simão Correia

10.4.08

Ausente



AUSENTE

Hoje não sou. Não tenho.
Não penso, não fumo, não beijo
Não chego, não tardo nem procuro com desejo.

Hoje Nada!

"Importa-me o tempo em que não sei o que sou, onde não sei onde estou.
É urgente perder-me, não chegar a tempo...
Hoje as prioridades pagam multa!"

Hoje não sou bom, ruim como o Diabo
Deus, Jesus, Buda, sei lá... Judas?!
Porque hoje não tenho religião.

Hoje sou uma nódoa, uma doença
Sem vontade de quimioterapia
Bruxos ou terapeutas da vida.

Hoje morri, amanhã logo se vê...


Nota:
Os pássaros voam baixinho... falta-lhes a imaginação
- Cada um que tente o que quiser!



Fotografia por Simão Correia

9.4.08

Espontâneo


ESPONTÂNEO

Vai cantando sem compasso
Desalinhado da teoria que o fez inventado.
Nem o queria com passo...
Marcá-lo, era aprisioná-lo num pedaço de horizonte,
Era abrir-me ao futuro com as vozes do passado!

Quem tem medo da imperfeição tem medo da vida
Que sem tentar, acontece e não deixa de insistir.
E se descobrem que a Dor é interior
Decidem escrever um verso bonito e encantador
Que hipnotiza movimento e intenção,
Coagula a veia que enche o coração
E pinta as lápides todas da mesma cor!

Eu não quero nem lápide, nem verso, nem nada!
Eu quero tudo.. AGORA!
Amanhã é dia de querer outra coisa...
Amanhã quero o dia, hoje é o dia da noite!
Aproveita agora que o sangue corre,
Chega de teses, é a hora da maré cheia!
Chega de talhar o mundo de arestas e vértices
E simétrico à esquadria, já me acham social?

Cabulando a poesia e vivendo tudo igual?



Fotografia de Simão Correia

Enfadado


ENFADADO


Dentro de uma sala de aula
Um aluno torturado e preso
Qual animal em sua jaula
Ao ensino ganha desprezo...

Aguento, tento não pensar...

Cada segundo é vagaroso
É passado a divagar,
Aguardando o fim deste tormento doloroso.

E os minutos que teimam em não passar
São ponteiro de um relógio que me pareceu avariar
Acalmo-me, partidas da mente
O tempo não pode parar...
Sinto-me louco... demente!

Hora e meia de vida inútil
Lentamente a escoar
Pode o ensino ser tão fútil,
Ao ponto de em nada me realizar!?

Estou perdido,
Aturo sem o ritmo contrariar,
A aula de onde quero ser foragido!
Anseio pela hora
Em que saio por aquela porta
Sem delonga nem demora...
Em que nada mais me importa!
Respiro. Ar fresco da aurora...

Sou livre para voar
Preciosos momentos de um pássaro
Que à gaiola sabe, vai voltar!
Uma semana depois
Entro na sala...

...aguento, tento não pensar...



Fotografia de Simão Correia

7.4.08

Intemporal




INTEMPORAL

Das horas que passam não escolho nem uma!
"Precisava de ti mais perto de mim
Como o barulho do mar no cheiro da espuma
A inundar-me os sonhos do princípio ao fim!"

Das vidas que passam não sinto nenhuma...
Estranho-me ao espelho, divido-me ao meio
Engano o destino, tropeço no caminho
- De tempos a tempos acabo numa urna!

Ah e as coisas que gritam por mim
E o sangue a escoar-me nas veias!
Fecho as portas, viro as costas e vou em frente,
Sem existir, continuamente.


Fotografia de Bruno Belo